Entre os faróis que iluminam o asfalto
Na beira do lixão
Na esquina da sujeira
Na boca do valão
No morro lá no alto
Andando na contra-mão
Os olhos no ressalto
No caldo de podridão
Ela veste farrapos encardidos
Chinelo num pé sim, o outro não
Ela cata a sujeira bagunçada
A sujeira da população
Espelho, garrafa, vidro partido
Tampa, pote de requeijão
Latinha, sarrafo, sacola, pedaço de papelão
Vai pegando e carregando, sem futuro, sem emoção
Eu a vejo andar por aí
Dia e noite sem dormir
Catando os cacos da cidade
Negando cada vontade
De uma casa, um barraco, um colchão
Ela cata as estrelas lá do céu
Na palma da sua mão
Catadora de estrelas
Mulher de coragem e decisão
Procura o que comer num cesto
Uma migalha um pedaço de pão
Distrai a fome olhando embalagem de saco de feijão
Catando pela vida
Os dejetos da desilusão
Vai a catadora de estrelas
Bebe água do ribeirão
Quando a noite vai pelo céu vazio
A lua com seu brilho frio
Traz o lume da escuridão
Catadora de estrelas
Na cegueira da incompreensão
Catadora de estrelas esquecidas
Pega, cata e carrega a comida
Catadora de estrelas torcidas
Na rua no mato, sem direção
Catadora de estrelas falidas
Vai contra as correntezas da vida
Catadora de estrelas clarão
Cata o que pode hoje antes que amanhã a vida lhe cate num caixão
Para quem vive reclamando da vida...
Como eu sempre digo lute para viver, e viva intensamente.
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